Prefeito disse em entrevista para a imprensa e outros convidados que apesar de a situação financeira do município não ser boa, tem feito 'gestão pública'. Odelmo Leão não citou cortes e possíveis atrasos salariais.
O prefeito de Uberlândia, Odelmo Leão (PP), disse durante coletiva na manhã desta terça-feira (30) que a cidade já tem R$ 1 bilhão em prejuízos e dívidas.
Apesar disso, não citou nenhum corte em secretarias, cancelamento de serviços essenciais, atraso de folha de pagamento mensal ou não depósito do 13º salário dos servidores. Questionado sobre como tem lidado com a situação, o prefeito disse que tem realizado "gestão pública".
Além de jornalistas, foram convidados para participar da entrevista, servidores, autoridades do Legislativo e Judiciário, prefeitos de cidades da região, representantes do Ministério Público e das polícias, associações, institutos, sindicatos e outras entidades.
Dívida
Em números, até o dia 22 de outubro o Município disse que registrou:
"Minha administração trabalha na ponta do lápis. Temos tomado todas as medidas necessárias, como contenção orçamentária e medidas judiciais, para evitar que a população seja diretamente prejudicada. Mas fica aqui uma pergunta: até quando vamos conseguir?", argumentou.
O que está sendo prejudicado ?
De acordo com a Prefeitura de Uberlândia, o quadro financeiro do município faz com que dois terços do orçamento existente ao mês seja utilizado para garantir os serviços da saúde e educação. Um terço fica disponível para as demais despesas, impedindo que o Município possa realizar investimentos adequados em várias áreas que poderiam desenvolver a cidade.
"Trabalhamos também para criar um ambiente favorável, que já propiciou a atração de R$ 1 bilhão em investimentos privados na cidade em quase dois anos. São pequenos, médios e grandes empresários que acreditam no nosso potencial e que vão gerar emprego e renda, além de ajudarem a melhorar a nossa arrecadação", comentou Odelmo Leão.
Entenda
Esta não foi a primeira vez no ano que a Prefeitura de Uberlândia falou sobre o financeiro do município neste ano. Em julho, o Executivo disse que a conta do governo estadual com a Prefeitura chegou a mais de R$ 140 milhões.
Na época, o prefeito disse que enfrentava dificuldades e já dizia que, apesar disso, não faria corte de serviços para a população e também não anunciou atrasos salariais para servidores. Contudo, afirmou que caso não sejam realizados os repasses e a dívida não seja quitada, pagamentos de fornecedores e benefícios dos servidores poderiam ser comprometidos no decorrer do 2º semestre deste ano. O que não ocorreu até outubro.
Estado
A reclamação de falta de repasses do Governo do Estado já ocorre há vários meses por parte de inúmeras prefeituras. Em agosto, os prefeitos de algumas cidades do Triângulo Mineiro aderiram à paralisação dos serviços públicos, além disso vários ingressaram com ações judiciais.
Sobre a coletiva desta terça-feira, o Estado informou por meio de nota que:
"Como é de conhecimento público, Minas Gerais enfrenta uma crise financeira sem precedentes. Em busca de solução, o governo estadual não tem medido esforços para regularizar os débitos com os municípios. Uma das principais medidas, a securitização da dívida, teve um avanço no último dia 3/10 com a publicação (no Diário Oficial) de uma Portaria da Secretaria de Estado de Fazenda que dá início ao processo. Portanto, conforme já acertado com representantes dos municípios, os valores devidos serão repassados às prefeituras tão logo o governo receba os recursos oriundos da securitização de parte da divida ativa do Estado".
Matéria publicada pelo site G1 no dia 30/10/2018.