As sessões ordinárias do mês de junho começaram tumultuadas com protestos e o encerramento da primeira reunião menos de duas horas depois do início dos trabalhos. O plenário ficou lotado nesta segunda-feira (3) com a presença de dezenas de servidores do Município, que fizeram uma paralisaçãoe foram até a Câmara para se manifestarem contra o reajuste salarial de 3,5%, anunciado pelo prefeito Odelmo Leão na última semana. Houve ainda protestos em frente ao gabinete do Executivo.
O presidente do Legislativo, Hélio Ferraz – Baiano (PSDB), encerrou a sessão perto das 10h45, quando o vereador Wender Marques (PSB) tentava falar em tribuna. Ele, que é vice-líder do Governo na casa, seria o último legislador a falar durante a amanhã sobre o projeto de Lei que concede o reajuste aos servidores, contudo, foi interrompido logo após dizer apenas uma frase, na qual se salientava ser motivo de orgulho para a cidade o índice de 3,5% oferecido pela Prefeitura. Sob vaias, Marques não conseguiu prosseguir com a fala.
Apesar da mesa diretora pedir mais de uma vez que o vereador fosse ouvido, as vaias continuaram, inclusive com os servidores dando as costas para a tribuna. Baiano, então, encerrou a sessão ordinária. Não foram analisados projetos nem requerimentos. Posteriormente, Wender Marques disse à reportagem que entende a manifestação, mas que haveria outros problemas enfrentados pela Prefeitura.
“O que a gente gostaria de ter tido oportunidade era de ter feito uma retrospectiva desde a entrada do governo Odelmo. O servidor não pode trazer uma questão como se fosse um vivência apenas interna, sendo que lá fora há uma recessão no País, no Estado e chega à cidade de Uberlândia. Sem contar uma conta enorme que ficou para se pagar do Governo passado”, afirmou.
A MANIFESTAÇÃO
Antes disso, servidores de várias secretarias, principalmente Educação, e de autarquias como o Departamento Municipal de Água e Esgoto (Dmae), ocuparam as galerias da Câmara e puderam falar em tribuna sobre a insatisfação do índice proposto para reajuste salarial. “Temos que vir aqui informar que não está havendo aumento”, disse a servidora do Dmae Eliane Maria, com referência ao fato de o índice não cobre a defasagem dos salários.
“Ficou costumeiro estarmos aqui (Câmara) sempre que queremos dignidade. Esse índice de 3,5% é vergonhoso pela arrecadação do Município”, disse a servidora aposentada Junia Alba. Além de palavras de ordem, os manifestantes pediam a deliberação do projeto de Lei para que possa haver um diálogo sobre o percentual de aumento dos salários. Os sindicatos dos Trabalhadores no Serviço Público Municipal de Uberlândia (Sintrasp) e dos Professores Municipais de Uberlândia (Sinpmu) também discursaram em plenário, citando principalmente que o reajuste deveria ser de pelo menos 8,63%, baseado em perdas de 2016, 2017 e 2018, tendo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) como referência. Houve ainda falas de vereadores da oposição em apoio à manifestação.
Com o fim antecipado da sessão, os servidores seguiram para a Praça Cívica, entre os prédios do Executivo e Legislativo, e continuaram o protesto. Com um carro de som, eles voltaram a pedir a atenção de Odelmo Leão, já posicionados de frente ao gabinete do prefeito.
“Achamos que foi precipitado por parte da mesa diretora da Câmara (o encerramento da sessão). Pode ser um mecanismo de desarticulação, pois o movimento está iniciando. Agora, o projeto ainda não está nem na pauta. Os sindicatos vão monitorar e vamos chamar novamente a categoria”, disse o presidente do Sintrasp, Ronaldo Branco.
PROJETO FOI PROTOCOLADO
O projeto de Lei 790/2019, que concede o reajuste de 3,5% nos salários dos servidores da Prefeitura de Uberlândia, já está protocolado na Câmara de Vereadores. Entretanto, ele não tramitou pelas comissões da casa, algo que foi pedido por manifestantes que estiveram no plenário da Câmara nesta segunda.
O vereador e relator da comissão de Finanças, Orçamento e Tributos, Felipe Felps (PSB), explicou que haverá uma reunião com os sindicatos e outras comissões do Legislativo no sentido de achar uma proposta de reajuste que possa satisfazer Executivo e servidores. “Que a gente possa achar um equilíbrio nessa conta e tentar tensionar o Governo a fazer alteração. Se ele não o fizer, a gente traz para Câmara e por meio de alterações do projeto, tentamos aprovar um mínimo de direitos para os servidores”, disse.
Não existe, contudo, uma previsão para que essa reunião aconteça nem mesmo de tramitação do projeto pelas comissões.
PARALISAÇÃO
Os sindicatos informaram que, além dos profissionais da Educação, aderiram ao movimento agentes de trânsito, do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ), da rede de saúde e das autarquias como o Departamento Municipal de Água e Esgoto (Dmae). Segundo o balanço do Município, 31 escolas pararam parcial ou totalmente as atividades nesta segunda.
As aulas não ministradas serão repostas para que seja cumprida a oferta de 200 dias letivos aos estudantes, segundo a Secretaria Municipal de Educação.
Matéria publicada no site Diário de Uberlândia, na data 03/06/2019.