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MP notifica Câmara de Uberlândia sobre investigação da Operação 'Torre de Babel' e mandado de prisão contra vereador

O parlamentar Juliano Modesto e outras 12 pessoas ainda estão foragidas.

O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) notificou, no final da tarde desta segunda-feira (14), a Câmara Municipal de Uberlândia sobre as investigações da Operação "Torre de Babel" e também sobre o mandado de prisão contra o vereador Juliano Modesto (SD). As informações são do promotor de Justiça Daniel Marotta, que coordena Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) de Uberlândia.

Antes da notificação, a procuradora da Câmara, Alice Ribeiro, havia informado que as faltas do vereador Juliano Modesto estão sendo descontadas. A TV Integração entrou em contato com a defesa dele.O advogado disse que o artigo 52 do regimento interno da Câmara é considerado inconstitucional e que Modesto deve se apresentar nas próximas horas.

Sobre Alexandre Nogueira (PSD), que teve mandado de busca e apreensão cumprido no gabinete, a defesa disse que ele está a disposição da Justiça.

Operação "Torre de Babel", realizada na semana passada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) de Uberlândia, ainda tem mandados em aberto. Na manhã desta segunda-feira (14), o promotor Daniel Marotta informou que 13 investigados seguem foragidos, dentre eles Modesto.

Na operação, o Gaeco cumpriu diversos mandados judiciais em Uberlândia, Uberaba e Monte Carmelo contra mais de 100 investigados.

 

Câmara de Uberlândia

Além de Juliano Modesto, o outro parlamentar de Uberlândia envolvido na operação foi Alexandre Nogueira (PSD). Contra ele também havia um mandado de busca e apreensão. Os dois são investigados em um esquema fraudulento de 2017, que envolveu transporte escolar.

Nesta segunda-feira (14), a reportagem do MG1 esteve na Câmara Municipal e constatou que os dois não compareceram à sessão, que foi a última sessão ordinária do mês de outubro.

A defesa de Juliano Modesto, que segue foragido, não atendeu as ligações da produção da TV

 

Integração. Já representantes de Alexandre Nogueira justificaram a ausência dizendo que ele está em viagem a Belo Horizonte.

Na manhã desta segunda (14), o presidente da Casa, vereador Hélio Ferraz (PSDB), o Baiano, disse que a Câmara não havia sido notificada sobre a situação dos parlamentares, mas que cumprirá o regimento caso seja necessário um possível afastamento.

 

"Se formos notificados, dentro do decoro, da constituição e do regimento interno, faremos a lei ser cumprida e, eventualmente, com premissas legais, realizaremos os afastamentos necessários", afirmou.

Operação Torre de Babel

Os alvos da operação foram três organizações criminosas distintas envolvidas em roubos de carga, corrupção ativa, lavagem de dinheiro, receptação de veículos, irregularidades em contratos públicos e até homicídios.

 

Primeira organização

Segundo o Gaeco, a primeira organização criminosa investigada tem como foco o roubo de caminhões e cargas e as cidades de Uberlândia e Itumbiara (GO) como base de atuação.

O chefe já foi preso na Operação "Irmãos Metralha", deflagrada em junho de 2019. O consórcio criminoso chefiado por ele é suspeito de ter praticado dezenas de crimes de roubo de caminhões e cargas no Triângulo Mineiro e na região sul de Goiás, além de inúmeros delitos de homicídio, corrupção ativa, falsificação de documento público e lavagem de dinheiro.

 

Segunda organização

Conforme o Gaeco, a segunda organização criminosa, com base em Uberlândia, tem como principal foco a receptação de cargas e carretas, além do desmanche destes veículos.

A organização é responsável pela receptação de veículos e cargas roubadas e desviadas por outros grupos criminosos e conta com a participação de agentes públicos. A ação referente a esta quadrilha é desdobramento da Operação "Dominó", deflagrada em dezembro de 2018.

 

Terceira organização

Conforme as investigações, a terceira organização criminosa funciona como milícia e é chefiada por um policial militar. A atividade consiste na prática de diversos crimes por encomenda, incluindo homicídios, extorsões, ameaças, obstrução de justiça, roubos com utilização de informações privilegiadas.

O grupo também praticou o crime de obstrução de Justiça, em junho de 2017, mediante intimidações contra um motorista de van que estava tomando providências legais para apuração de crimes praticados pelos dirigentes de cooperativas responsáveis por explorar o serviço de transporte escolar em Uberlândia. As infrações penais envolvem dois vereadores da cidade.

 

Investigados

Entre os investigados, estão dez policiais militares, quatro policiais civis e três advogados. Participaram dos trabalhos três promotores e cerca de 370 policiais.

A operação contou com o apoio dos Gaecos do Distrito Federal, Goiás, além da cidade de Patos de Minas, Promotoria de Justiça do Controle Externo das Atividades Policiais de Belo Horizonte, Procuradoria da República de Uberlândia e do Sistema Prisional de Minas Gerais.

Apesar de citar as cidades de Uberaba e Monte Carmelo, o Gaeco não especificou onde e contra quem foram cumpridos os mandados de busca e apreensão e prisão nestes municípios. Ainda havia mandados expedidos para Itumbiara (GO).

 

Uberlândia

Conforme divulgado pelo G1, o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) em Uberlândia cumpriu na última quinta-feira quatro mandados de prisão preventiva, sendo um deles contra o vereador Juliano Modesto (SD) e outro, de busca e apreensão, contra o vereador, Alexandre Nogueira (PSD).

O objetivo foi combater uma organização criminosa responsável por ameaças e obstrução da Justiça, que impediam a investigação de eventuais crimes cometidos em 2017, como peculato, falsidade ideológica, estelionato e lavagem de dinheiro.

 

Esquema

Segundo o Ministério Público Estadual (MPE), as investigações começaram após o órgão identificar irregularidades envolvendo gastos e apresentação de planilhas falsas na Cooperativa dos Trabalhadores de Passageiros e Cargas (Coopass).

Conforme o MPE, a prática foi denunciada por um funcionário da cooperativa, que recebeu ameaças. Os vereadores foram citados, portanto, em denúncia que configura crime de obstrução de Justiça.

Segundo o Gaeco, os suspeitos teriam apresentado planilhas adulteradas da quilometragem rodada pelos veículos para receber valores superiores da Prefeitura pelo serviço prestado.

A situação foi denunciada na Operação “Kms de Vantagem”, no ano passado, que resultou na prisão do ex-prefeito Gilmar Machado e ex-secretários.

 

Vereadores

No caso do Juliano Modesto, o Gaeco apurou que ele teria intimidado o denunciante que levou ao MPE informações sobre as fraudes praticadas pela cooperativa, que prestava o serviço de transporte escolar ao Município.

No caso do vereador Alexandre Nogueira, a suspeita é de falsidade ideológica e outros crimes que também seriam relacionados à Coopass.

Partido

Com relação ao envolvido do vereador Juliano Modesto na operação do Gaeco. Veja íntegra abaixo.

"A Comissão Provisória do Partido Solidariedade de Uberlândia-MG, vem por meio desta, esclarecer sobre a Operação Torre de Babel, realizada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e que veio a público na data de hoje, 10 de outubro de 2019.

O partido tomou conhecimento da mencionada operação, por meio dos canais de comunicação, assim como toda população uberlandense. Dessa forma, reitera que é favorável à investigação para que toda situação seja esclarecida. Além disso, não coaduna com atos ilícitos praticados por qualquer dos seus filiados.

A comissão continua seus trabalhos sempre prezando pela ética, transparência e compromisso com os anseios da população.

Uberlândia, 10 de outubro de 2019".

 

Matéria publicada no site G1, na data 14/10/2019.