O Controlador Geral de Araguari, Simeão Antônio da Costa Júnior, foi exonerado nesta terça-feira (29). A ação foi anunciada à imprensa pela Prefeitura de Araguari (confira nota abaixo). Simeão Júnior foi preso durante a Operação "Poderoso Chefão", que foi desencadeada na última sexta-feira (25) e investiga uma organização criminosa que atua no desvio de recursos públicos vindos de contratos de prestação de serviço público municipal de transporte de alunos.
O G1 tenta contado com a defesa de Simeão.
A Operação "Poderoso Chefão", realizada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) de Uberlândia, cumpriu 16 mandados de prisão preventiva. Entre os presos estão os vereadores Juliano Modesto (SD), que já estava no Presídio Professor Jacy de Assis, Wilson Pinheiro (PP) e Alexandre Nogueira (PSD). O ex-controlador Geral da Câmara de Uberlândia, Adeilson Barbosa Soares, também foi preso.
Confira a íntegra da nota da Prefeitura de Araguari.
A Prefeitura de Araguari vem informar que tomou conhecimento da prisão do Controlador Geral do Município, decorrente de Mandado de Prisão Preventiva referente à investigação conduzida pelo GAECO de Uberlândia. Segundo consta, a referida acusação, se refere ao tempo que ele exerceu o cargo de Assessor na Câmara Municipal de Uberlândia e não possui nenhum envolvimento em relação à Prefeitura de Araguari, face ao fato ocorrido, o Prefeito Marcos Coelho declarou a exoneração do secretário de suas funções.
Entenda a "Poderoso Chefão"
Segundo o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), a Operação “Poderoso Chefão” investiga uma organização criminosa que atua no desvio de recursos públicos vindos de contratos de prestação de serviço público municipal de transporte de alunos.
O Gaeco apura crimes de organização criminosa, peculato e lavagem de dinheiro por dirigentes e empresas com ligação à Cooperativa dos Transportadores de Passageiros e Cargas (Coopass) e à ATP, prestadoras de serviço de transporte escolar à Prefeitura.
Esquema
Segundo investigações, a quadrilha lavava dinheiro por meio de laranjas e diversas empresas que estavam em nomes de dirigentes da Coopass e da ATP. O esquema contemplava falsificação de documentos e adulteração de quilometragem percorrida pelos veículos para que fosse feito o repasse dos valores superfaturados à ATP.
Em 2015, a Câmara de Uberlândia chegou a criar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar as irregularidades constatadas. Na época, a CPI foi presidida pelo vereador Wilson Pinheiro (PP), e Alexandre Nogueira (PSD) era o presidente da Casa.
De acordo com o Gaeco, a CPI teria sido utilizada pelos vereadores investigados para pressionar o então prefeito Gilmar Machado (PT) a contratar a ATP, que foi fundada pelo mesmo grupo responsável pela Coopass e ligada aos vereadores Alexandre Nogueira e Juliano Modesto.
Foi cumprido também mandado contra Adeilson Barbosa Soares, que já exerceu o cargo de Controlador Geral da Câmara Municipal.
Ainda foram cumpridos 18 mandados de busca e apreensão e determinado o sequestro de bens e valores dos investigados no limite de R$ 7 milhões.
O vereador Wilson Pinheiro foi preso durante a manhã de sexta-feira (25) e teve a prisão domiciliar no início da noite.
Já o vereador Alexandre Nogueira se apresentou à polícia no início da tarde do dia 25 e está no Presídio Jacy de Assis. Conforme o Gaeco, o nome desta operação é uma referência ao chefe da organização, que seria, de acordo com as investigações, o vereador Alexandre Nogueira.
O advogado Rodrigo Ribeiro, que defende os três vereadores, disse que ainda não teve acesso ao processo nem à decisão, e que considera desnecessária a prisão dos vereadores. Informou que os parlamentares prestarão todas as informações solicitadas pelo Ministério Público e que tem confiança de que o Poder Judiciário logo restabelecerá a liberdade dos vereadores.
O presidente do Partido Social Democrático (PSD), do qual faz parte Alexandre Nogueira, informou que vai se inteirar dos fatos e, por enquanto, não vai se posicionar.
O presidente do Partido Progressista (PP), do vereador Wilson Pinheiro, enviou nota dizendo que conhece o caráter do político e conduta ética frente aos mandatos do parlamentar. Já o Solidariedade (SD) já realizou a suspensão e aguarda a expulsão de Juliano Modesto do partido.
O presidente da Câmara Municipal, vereador Hélio Ferraz "Baiano" (PSDB), informou que o Legislativo suspendeu, na noite de sexta (25), o mandato dos três vereadores presos: Wilson Pinheiro, Alexandre Nogueira (PSD) e Juliano Modesto (SD). Segundo ele, também foi determinada a suspensão dos salários dos três parlamentares.
Matéria publicada no site G1 na data 29/10/2019.