Foi localizada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), na tarde desta quarta-feira (6), a van comprada pelo vereador Alexandre Nogueira (PSD) e que foi registrada no nome de outra pessoa. O veículo foi encontrado em uma loja de revenda no Bairro Minas Gerais, em Uberlândia.
O parlamentar foi preso na Operação "Poderoso Chefão" e continua no Presídio Jacy de Assis. Na última segunda-feira (4), a defesa dele solicitou um habeas corpus à Justiça, que negou o pedido. Nogueira também teve o mandato e o salário suspensos pela Câmara.
De acordo com o promotor Adriano Bozola, a localização foi resultado da continuidade da investigação da "Poderoso Chefão" e a van estava escondida para que fosse revendida. O promotor afirmou ainda que Alexandre Nogueira confessou a aquisição do veículo e o registrou no nome de outra pessoa.
Já o advogado de defesa do vereador, Rodrigo Ribeiro, informou que Alexandre Nogueira disse em depoimento onde a van poderia ser localizada e que estava à disposição do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG).
Em depoimento ao MP, o parlamentar confessou que a van prestava serviço para a Limiar Transportes e que recebia parte dos lucros.
Ainda segundo as investigações, Nogueira tem ligação com a quadrilha que lavava dinheiro por meio de laranjas e de diversas empresas que estavam em nomes de dirigentes da Cooperativa dos Transportadores de Passageiros e Cargas (Coopass) e da Associação dos Transportadores de Passageiros e Cargas do Triângulo Mineiro (ATP).
No depoimento, o legislador negou envolvimento com a cooperativa e com a associação a partir de 2013.
Segundo o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), a Operação “Poderoso Chefão”, deflagrada pelo Gaeco em 25 de outubro, investiga uma organização criminosa que atua no desvio de recursos públicos vindos de contratos de prestação de serviço público municipal de transporte de alunos.
O Gaeco apura crimes de organização criminosa, peculato e lavagem de dinheiro por dirigentes e empresas com ligação à Cooperativa dos Transportadores de Passageiros e Cargas (Coopass) e à ATP, prestadoras de serviço de transporte escolar à Prefeitura
Segundo investigações, a quadrilha lavava dinheiro por meio de laranjas e diversas empresas que estavam em nomes de dirigentes da Coopass e da ATP.
O esquema contemplava falsificação de documentos e adulteração de quilometragem percorrida pelos veículos para que fosse feito o repasse dos valores superfaturados à ATP.
Em 2015, a Câmara de Uberlândia chegou a criar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar as irregularidades constatadas. Na época, a CPI foi presidida pelo vereador Wilson Pinheiro, e Alexandre Nogueira era o presidente da Casa.
De acordo com o Gaeco, a CPI teria sido utilizada pelos vereadores investigados para pressionar o então prefeito Gilmar Machado (PT) a contratar a ATP, que foi fundada pelo mesmo grupo responsável pela Coopass e ligada aos vereadores Alexandre Nogueira e Juliano Modesto.
Durante a Operação "Poderoso Chefão", também foram cumpridos mandados de prisão contra o vereador Wilson Pinheiro, e Adeilson Barbosa Soares, que já exerceu o cargo de Controlador Geral da Câmara Municipal.
Ainda foram cumpridos 18 mandados de busca e apreensão e determinado o sequestro de bens e valores dos investigados no limite de R$ 7 milhões.
O vereador Wilson Pinheiro foi preso pela manhã do dia 25 de outubro e teve a prisão domiciliar liberada pela Justiça na noite do mesmo dia, pois o legislador ainda se recupera de procedimento cirúrgico. No dia 30 de outubro, o parlamentar passou mal e chegou a ser levado para o hospital.
Já o vereador Alexandre Nogueira se apresentou à polícia no início da tarde do dia 25 de outubro e continua no presídio depois de a Justiça negar habeas corpus ao parlamentar. Conforme o Gaeco, o nome desta operação é uma referência ao chefe da organização, que seria, de acordo com as investigações, o vereador Alexandre Nogueira.
Já Juliano Modesto, que também é investigado pela ação, já estava preso pela Operação "Torre de Babel". Ele também teve habeas corpus negado pelo TJMG e pelo STJ e continua o presídio Jacy de Assis.
Matéria publicada na data 06/11/2019 no site G1.