Um dia após requerimento convocatório elaborado por vereadores de oposição, o vice-prefeito de Uberlândia, Paulo Sérgio Ferreira, compareceu à Câmara de Uberlândia, na sessão desta terça-feira (12), para prestar esclarecimentos sobre o suposto envolvimento da empresa da qual é sócio, a Elglobal, em um esquema irregular na Secretaria de Planejamento Urbano (Seplan). O esquema está sendo investigado pelo Ministério Público Estadual (MPE) e ganhou repercussão nacional após reportagem exibida pelo programa Fantástico no último domingo.
O requerimento foi feito de forma verbal e posteriormente oficializado e assinado pelos vereadores Thiago Fernandes (PSL), Silésio Miranda (PT), Adriano Zago (MDB), Michele Bretas (AVANTE), Dra Jussara (PSB), Felipe Felps (PSB), Paulo César PC (Solidariedade) e Vico (sem partido). O documento foi entregue à mesa diretora, mas não havia sido deliberado.
Em resposta, a base aliada do governo na Câmara antecipou a apreciação do documento e convidou Paulo Sérgio a comparecer no plenário. Foi estipulado pelo presidente da Câmara, Hélio Ferraz-Baiano (PSDB), que os vereadores tivessem três minutos cada para fazer suas perguntas e questionamentos ao vice-prefeito. As perguntas foram feitas em blocos de três vereadores por vez, para depois serem respondidas. Ao todo, foram 12 vereadores que pediram a palavra para fazer perguntas e comentários sobre a investigação do Ministério Público.
Paulo Sérgio disse ao ser informado sobre a convocação pelos vereadores, se prontificou a comparecer no plenário antes mesmo do requerimento ser deliberado.
“O nosso governo age sempre com transparência. Onde houver dúvidas, nós estaremos lá para trazer todos os esclarecimentos. Nós não temos que esconder nada”, disse Paulo Sérgio. “Sobre esse processo, que é de dois servidores, em relação a empresas privadas, não tem envolvimento da prefeitura em si. Tudo que houve de responsabilidade da prefeitura, foi tomado providência, um processo administrativo foi aberto, foi demitido os dois funcionários. Agora, a relação das empresas com os funcionários, quem tem que responder são os funcionários que foram demitidos, e as empresas”, afirmou.
Para o vereador Thiago Fernandes, autor do requerimento, a participação do vice-prefeito não foi satisfatória por não responder aos questionamentos feitos por ele e por alguns outros vereadores. “Não atendeu às expectativas do grupo [de oposição], porque as principais perguntas ficaram sem respostas”. Diante da insatisfação, Thiago disse também que “ao confessar que em 2017, já vice-prefeito em exercício, ele [Paulo Sérgio] contratou [a servidora denunciada], isso nos dá uma ideia de que algum crime mais sério ter sido praticado, dentre eles o tráfico de influência, porque ele poderia se valer do cargo de vice-prefeito, dentre outras que nós vamos investigar, além do e-mail de 2012, em que era secretário de Trânsito e Transportes”.
O vereador Adriano Zago foi quem fez o questionamento sobre essa troca de e-mails em 2012, entre Paulo Sérgio e a servidora investigada, Regilda Siqueira, em que, de acordo com a denúncia do MPE, teria “cobrado diligência funcional de Regilda”.
Em resposta, Paulo Sérgio respondeu que o e-mail é de 30 de maio de 2012, quando ele não era servidor público. “O que eu fiz no e-mail foi cobrar ela a entrega do projeto do qual ela foi contratada pela minha empresa. Em momento nenhum, na minha vida pública, a minha empresa prestou serviço para qualquer órgão público municipal, ou autarquia. Eu não induzi nenhum funcionário a acelerar processo nem meu, nem de ninguém. O que nós sempre fizemos foi fazer com que as políticas públicas que nós defendemos sejam realizadas”.
O vereador Antônio Carrijo (PSDB), que compõe a bancada de apoio ao governo municipal na Câmara, disse que antecipar o requerimento de convocação foi assertivo, para que o vice-prefeito pudesse tirar qualquer dúvida que existisse. “No meu entendimento a Justiça e o Ministério Público estão fazendo o trabalho deles. Um processo administrativo e uma ação civil pública já existem, então vamos entender qual foi o dano que isso foi causado ao Município e se houve alguma facilidade em aprovação de projetos. E que tudo deve, sim, ser analisado caso a caso”, justificou.
Matéria publicada pelo site Diário de Uberlândia, na data 12/11/2019.