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Advogado Marcelo Cunha toma posse como vereador na Câmara de Uberlândia após renúncia de Ismar Prado

Nesta segunda-feira (25), Ismar Prado foi afastado oficialmente pelo Legislativo. Entenda a movimentação na Casa após a Operação 'Poderoso Chefão'.

O advogado Marcelo Mendes Cunha (PPL) é o mais novo vereador de Uberlândia. O agora parlamentar tomou posse na manhã desta terça-feira (26), na Câmara Municipal, no lugar do político Ismar Prado (PMB), envolvido em investigações da Operação "Poderoso Chefão". Marcelo é filho de um ex-presidente da Casa, o empresário Ângelo Cunha Neto.

renúncia de Ismar Prado foi oficializada nesta segunda-feira (25) em sessão realizada pelo presidente da Casa, Hélio Ferraz, o Baiano (PSDB), que também presidiu a posse desta terça-feira.

Familiares, vereadores, representantes da administração municipal, como o vice-prefeito Paulo Sérgio Ferreira, e da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) estiveram presentes na sessão especial.

  • Veja também: oposição pede posse imediata de suplentes de Nogueira e Pinheiro em Uberlândia
  • Depois que Baiano discursou na abertura oficial, o Hino Nacional foi entoado. Em seguida, Cunha fez o juramento de praxe conforme manda o regimento interno e o termo de posse foi lido e assinado.
  • O novo vereador agradeceu a oportunidade e falou da boa convivência com os colegas da Câmara, até mesmo com os adversários políticos. Além disso, citou Deus e a humildade para trabalhar diariamente.
  • "Difícil falar nesse momento, de grande emoção. Quem está ao meu lado sabe o tanto que almejei estar aqui. Não queria que fosse dessa forma, mas Deus quis assim. Não sou muito de falar, sou de ação, e quero contar com a ajuda de todos aqui da Casa", afirmou.
  • Ao final do discurso, Marcelo convocou a Casa para rezar o Pai Nosso, oração puxada por ele próprio no plenário legislativo. Representantes da OAB e o vice-prefeito de Uberlândia desejaram boa sorte a ele.
  • Experiência
  • Sobre o novo cargo, Marcelo Cunha deu entrevista na Câmara nesta segunda e disse ter experiência para tocar com propriedade a agenda atribuída a ele. E ainda informou que não deve exonerar os assessores do ex-vereador.
  • "Tenho 14 anos de trabalho atuante na Casa, sei como funcionam os trâmites e o caminho para tomar as medidas corretas. Por enquanto, vou manter a equipe de assessores do Ismar Prado. Não acho justo nesta situação do país gerar esse nível de demissão", justificou.

Entenda a renúncia

Ismar Prado entregou o cargo à Câmara na última sexta-feira (22). No dia, o advogado do parlamentar chegou a protocolar no Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) o anúncio do desligamento do cliente do Legislativo de Uberlândia.

Um dia antes, quinta-feira (21), Ismar Prado prestou depoimento ao MPMG sobre as investigações da Operação "Poderoso Chefão"Ele admitiu ter usado notas fiscais falsas emitidas por uma empresa de fachada para destinar verbas indenizatórias, que não houve a prestação de serviços e que o dinheiro foi desviado.

Diante disso, o parlamentar fez um acordo com a promotoria de devolver o montante desviado aos cofres da Câmara de Uberlândia, além de renunciar ao cargo de vereador.

A renúncia ocorreu menos de duas semanas depois de Walquir Amaral ter tomado posse na Câmara, na vaga do vereador preso Juliano Modesto, preso durante investigações do Gaeco.

Acordos de Ismar e William Alvorada

Além de Ismar Prado (PMB), o ex-parlamentar William Alvorada também fez acordo com o MPMG depois de prestar depoimentos para as investigações da Operação "Poderoso Chefão" em Uberlândia.

Conforme o promotor Daniel Marotta, ambos admitiram que usaram notas fiscais faltas emitidas por uma empresa de fachada para destinar verbas indenizatórias, que não houve a prestação de serviços e que o dinheiro foi desviado.

De acordo com o promotor, Ismar Prado informou em depoimento que, em razão de dívidas cobradas por agiotas e ameaças, acabou fazendo uso da empresa de fachada para poder desviar dinheiro público.

á William Alvorada disse que, como não foi reeleito e tinha dívidas de campanha, desviou os valores nos meses de outubro, novembro e dezembro de 2016 para saldar dívidas de campanha. Segundo Marotta, Ismar Prado deve devolver à Câmara R$ 130 mil e Alvorada R$ 34 mil, valores já atualizados.

Suplentes de Nogueira e Pinheiro

Em coletiva à imprensa após a sessão na Câmara nesta segunda-feira (25), Baiano deu a previsão para que os suplentes de Alexandre Nogueira (SD) e Wilson Pinheiro (PP) assumam os cargos. Os dois estão presos e o prazo de 30 dias terminou nesta segunda-feira (25).

No entanto, Baiano disse que a sessão que vai anunciar a perda do mandato e, consequentemente, abrir caminho para os suplentes, deve ocorrer somente nos dias 4 ou 5 de dezembro.

"Além dos 30 dias, o regimento interno também conta a ausência em sessões na Casa e é necessário que completem pelo menos dez sessões em dias úteis", acrescentou.

Líder da oposição, o vereador Thiago Fernandes (PRP) questionou o alongamento do prazo inicial e disse que espera que a Casa não utilize manobras para adiar o que já está previsto.

Prisões de Modesto e Nogueira

Os vereadores Juliano Modesto (SD) e Alexandre Nogueira (PSD), que estão presos, também são investigados no esquema de desvio verbas indenizatórias. Os dois juntos destinaram cerca de R$ 500 mil à empresa Ideal Assessoria e Serviços Ltda, de serviços gráficos e publicidade.

Segundo apurações do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), a gráfica recebia aportes de verba indenizatória que voltavam, via laranjas, para vereadores envolvidos no esquema. Além disso, o endereço da empresa é exatamente o mesmo das cooperativas de transporte de passageiros (Coopass e ATP) investigadas pelo Gaeco.

 

 

Matéria publicada pelo site G1 na data 26/11/2019.