O advogado Marcelo Mendes Cunha (PPL) é o mais novo vereador de Uberlândia. O agora parlamentar tomou posse na manhã desta terça-feira (26), na Câmara Municipal, no lugar do político Ismar Prado (PMB), envolvido em investigações da Operação "Poderoso Chefão". Marcelo é filho de um ex-presidente da Casa, o empresário Ângelo Cunha Neto.
A renúncia de Ismar Prado foi oficializada nesta segunda-feira (25) em sessão realizada pelo presidente da Casa, Hélio Ferraz, o Baiano (PSDB), que também presidiu a posse desta terça-feira.
Familiares, vereadores, representantes da administração municipal, como o vice-prefeito Paulo Sérgio Ferreira, e da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) estiveram presentes na sessão especial.
Ismar Prado entregou o cargo à Câmara na última sexta-feira (22). No dia, o advogado do parlamentar chegou a protocolar no Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) o anúncio do desligamento do cliente do Legislativo de Uberlândia.
Um dia antes, quinta-feira (21), Ismar Prado prestou depoimento ao MPMG sobre as investigações da Operação "Poderoso Chefão". Ele admitiu ter usado notas fiscais falsas emitidas por uma empresa de fachada para destinar verbas indenizatórias, que não houve a prestação de serviços e que o dinheiro foi desviado.
Diante disso, o parlamentar fez um acordo com a promotoria de devolver o montante desviado aos cofres da Câmara de Uberlândia, além de renunciar ao cargo de vereador.
Além de Ismar Prado (PMB), o ex-parlamentar William Alvorada também fez acordo com o MPMG depois de prestar depoimentos para as investigações da Operação "Poderoso Chefão" em Uberlândia.
Conforme o promotor Daniel Marotta, ambos admitiram que usaram notas fiscais faltas emitidas por uma empresa de fachada para destinar verbas indenizatórias, que não houve a prestação de serviços e que o dinheiro foi desviado.
De acordo com o promotor, Ismar Prado informou em depoimento que, em razão de dívidas cobradas por agiotas e ameaças, acabou fazendo uso da empresa de fachada para poder desviar dinheiro público.
á William Alvorada disse que, como não foi reeleito e tinha dívidas de campanha, desviou os valores nos meses de outubro, novembro e dezembro de 2016 para saldar dívidas de campanha. Segundo Marotta, Ismar Prado deve devolver à Câmara R$ 130 mil e Alvorada R$ 34 mil, valores já atualizados.
Em coletiva à imprensa após a sessão na Câmara nesta segunda-feira (25), Baiano deu a previsão para que os suplentes de Alexandre Nogueira (SD) e Wilson Pinheiro (PP) assumam os cargos. Os dois estão presos e o prazo de 30 dias terminou nesta segunda-feira (25).
No entanto, Baiano disse que a sessão que vai anunciar a perda do mandato e, consequentemente, abrir caminho para os suplentes, deve ocorrer somente nos dias 4 ou 5 de dezembro.
"Além dos 30 dias, o regimento interno também conta a ausência em sessões na Casa e é necessário que completem pelo menos dez sessões em dias úteis", acrescentou.
Líder da oposição, o vereador Thiago Fernandes (PRP) questionou o alongamento do prazo inicial e disse que espera que a Casa não utilize manobras para adiar o que já está previsto.
Os vereadores Juliano Modesto (SD) e Alexandre Nogueira (PSD), que estão presos, também são investigados no esquema de desvio verbas indenizatórias. Os dois juntos destinaram cerca de R$ 500 mil à empresa Ideal Assessoria e Serviços Ltda, de serviços gráficos e publicidade.
Segundo apurações do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), a gráfica recebia aportes de verba indenizatória que voltavam, via laranjas, para vereadores envolvidos no esquema. Além disso, o endereço da empresa é exatamente o mesmo das cooperativas de transporte de passageiros (Coopass e ATP) investigadas pelo Gaeco.
Matéria publicada pelo site G1 na data 26/11/2019.