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Vereadores de Uberlândia que não foram alvos de mandado de prisão comentam situação da Câmara após operações do Gaeco

Dos 30 parlamentares atuais do Legislativo municipal, 20 foram detidos nesta segunda-feira (16) e um está foragido. Além disso, um vereador afastado está em prisão domiciliar por outra ação do MP.
Com as duas operações deflagradas pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), nesta segunda-feira (16), apenas oito vereadores em exercício em Uberlândia não foram alvos de mandado de prisão.

Dos 30 parlamentares atuais do Legislativo municipal, 20 foram detidos nesta segunda-feira e um está foragido. Além disso, um vereador afastado está em prisão domiciliar por outra operação do Gaeco. Do total, 27 vereadores estão em exercício e três estão afastados da Casa.

Das ações realizadas nesta segunda, a Operação “Má Impressão” investiga desvio de verbas de gabinete por meio de serviços de impressão de material publicitário. Além de parlamentares, gráficas também foram alvos do Gaeco e 12 empresários foram presos. Uma empresária continua foragida.
Já a Operação “Guardião” averigua fraude em contrato de vigilantes da Câmara.

O G1 entrou em contato com os oito vereadores em exercício que não foram alvos de mandado de prisão nesta segunda-feira para comentarem sobre as operações e como fica o andamento das atividades do Legislativo com tantas ausências. Confira:

Adriano Zago
A assessoria do vereador Adriano Zago (MDB) emitiu uma nota oficial sobre o caso. Confira a íntegra abaixo.

"Sinto o mesmo sentimento popular de indignação diante das prisões dos vereadores da cidade. É lamentável que integrantes do Poder Legislativo, como apontam as investigações, supostamente se beneficiem de esquemas de corrupção. Uberlândia infelizmente assiste atônita à descoberta de supostos crimes da Prefeitura à Câmara, do Executivo ao Legislativo, sendo citados do Vice-Prefeito ao Presidente do Parlamento.

No entanto, como defensor da lei, é prudente ponderar que, até o momento, eles não foram condenados. Por isso, é necessário que haja cautela. E, se caso forem confirmadas, serei o primeiro a defender o afastamento, a renúncia ou a abertura de processos para eventual cassação de mandatos. Enquanto isso, reitero minha confiança e apoio ao trabalho das instituições da República.

Reafirmo ainda que sempre fui favorável ao fim da verba indenizatória, ou seja, que o uso de todos os recursos públicos se submetam à Lei de Licitações. O nosso mandato vem se consolidando ao longo do tempo como um exemplo de eficácia com uso racional dos recursos públicos. Até o momento, nosso mandato já economizou mais de R$ 1 milhão aos cofres públicos, sendo um dos mais atuantes. Recursos que retornam para o município investir em áreas com maior necessidade, como saúde, educação e transporte.
Diante desse cenário, sinto-me extremamente honrado por receber o apoio e reconhecimento de centenas de pessoas que vivem em Uberlândia e ainda acreditam em uma política responsável, séria e honesta. O Poder Legislativo é imprescindível para a democracia e, quando exercido com dignidade, transforma para melhor a vida da nossa gente.

Nosso mandato segue com o mesmo princípio que nos motivou a entrar na vida pública: o anseio por ser e fazer a diferença. Continuo na luta pela ressignificação da política e, enquanto isso, os uberlandenses têm em mim um aliado na busca por dias melhores."

Antônio Carrijo
Nesta segunda-feira (16), o parlamentar não deu declarações à imprensa sobre o assunto. Segundo a assessoria da Câmara, o vereador Antônio Carrijo (PSDB) estava indisposto e ficou em repouso em casa. Já nesta terça-feira (17) pela manhã, Carrijo conversou com a reportagem do MG1.

Ele respondeu sobre ser o vereador com mais mandatos e o mais velho, o que, em tese, o colocaria como sucessor do presidente da Casa, que está preso. Além disso, falou também sobre as prisões dos vereadores.

"Primeiramente, temos que ter prudência nesta situação, respeitar os ritos dos poderes Executivo e Legislativo e do Ministério Público. A Procuradoria da Câmara deve entrar em contato com a promotoria para, por meio legal, ver a parte burocrática da Casa. Só iremos proceder após procuradoria e promotores se manifestarem", disse.
Sobre os trâmites da Câmara, Carrijo informou que como a Casa está em recesso, ainda há um prazo longo para que as situações sejam resolvidas, já que os trabalhos voltam de fato em fevereiro.

"Cada vereador fará sua defesa e vai se manifestar no processo. Esperamos que até o final de semana muita coisa tenha sido resolvida. Enquanto isso, eu jamais tomaria alguma atitude (sem aval da procuradoria e promotoria) em respeito a todos os colegas vereadores".

Leandro Neves
O vereador Leandro Neves (PSD), que assumiu as atividades no lugar do parlamentar afastado Alexandre Nogueira (PSD), preso na Operação “O Poderoso Chefão” comentou as ações desta segunda-feira.

“De fato é uma movimentação atípica. Estamos assustados com os acontecimentos, mas não cabe a nós julgarmos nada. Vamos esperar a Justiça sinalizar mais coisas. Gostaria de informar que estamos aqui trabalhando, precisamos seguir os trabalhos. A nossa vida precisa continuar. A gestão do município continua e vamos aguardar o desenrolar dessas operações. Para a Câmara, isso é muito ruim, é um momento muito polêmico. Sempre digo que a ordem vem do caos, e nós precisamos virar essa página e continuar com os trabalhos. A população não tem culpa do que está acontecendo”, afirmou Neves.Michele Bretas
“Eu tenho certeza que a própria população de Uberlândia não fica feliz com isso. Eu acredito que está sendo feita uma grande limpeza em todo o Brasil. É por uma nova política de fato, que todo esse movimento está acontecendo, mas as pessoas que foram presas terão o direito à defesa. Eu acredito nisso e eu respeito também, pois são seres humanos. No entanto, eu tenho certeza que a população de Uberlândia fica entristecida com tudo isso que está acontecendo na Câmara Municipal e em todos os poderes. Tem pessoas investigadas também no Poder Executivo, lá na Prefeitura. Então, a população de Uberlândia não fica feliz com uma notícia dessas. Afinal de contas, a população votou nessas pessoas para representa-las e é muito triste ver uma coisa dessas acontecendo. Eu acredito que a Justiça está cumprindo o seu papel, e quem for inocente terá o direito à defesa”, comentou a parlamentar.

Pastor Átila Carvalho
A assessoria do legislador informou que o vereador Pastor Átila Carvalho (PP) está em viagem e que não seria possível contato.

Sargento Ednaldo
O vereador Sargento Ednaldo (PP), que assumiu a vaga de Wilson Pinheiro (PP), que também foi preso pela Operação “O Poderoso Chefão”, afirmou ser favorável às investigações.
“É um fato lamentável. Respeito o trabalho da Justiça, sou favorável às investigações. O direito a defesa será dado a todos e quem cometeu alguma atitude ilícita deverá pagar por isso. Meu gabinete estará sempre de portas abertas para a população, pois meu trabalho continuará. Com certeza isso mancha a reputação da Câmara, pois as pessoas generalizam muito e elas têm que entender que nem todos os vereadores são investigados. Acredito também que os trabalhos não serão prejudicados, pois as principais votações já foram encerradas e os demais vereadores continuarão com seus trabalhos”, disse Ednaldo.

Thiago Fernandes
Por telefone, o vereador Thiago Fernandes (PRP) lamentou o fato e disse acreditar na Justiça.

“Lamentamos muito o fato, o Legislativo de Uberlândia sofre um duro golpe, mas acreditamos que a justiça deve ser feita. As pessoas devem ser responsabilizadas por atos ilícitos que possam ter cometido. Eu mesmo sou autor de diversas denúncias ao Ministério Público e acredito que o Brasil está passando por uma limpeza. É uma resposta à população de que todos devem cumprir o seu papel. É uma atitude necessária e todos terão direito de se defender. Quem cometeu alguma ação ilícita deve pagar por isso. Fico preocupado com o andamento dos trabalhos da Câmara, pois ficamos muito desfalcados. Entrei em contato com o vereador Antônio Carrijo, que pelo regimento é quem assume a presidência da Casa, e com o vereador Adriano Zago, e faremos uma reunião para ver como os trabalhos serão feitos durante este período”, apontou.Walquir Amaral
O vereador também recém empossado, Walquir Amaral (Solidariedade), que assumiu a vaga de Juliano Modesto (SD), preso durante a Operação "Torre de Babel", lamentou a situação, mas disse que continuará a desempenhar suas atividades normalmente.

“Nós, enquanto parlamentares nos colocamos à disposição da população e o que fugir do papel do vereador deve ser analisado. A Justiça faz o seu papel de averiguar o que está sendo feito. Eu estou aqui para exercer o papel o qual eu escolhi exercer. Infelizmente, na visão da população, as operações colocam todos no mesmo bolo e isso é muito ruim para a reputação da Câmara e de todos os vereadores. Assumi o cargo há um mês e nunca fiz uso da verba indenizatória e, mesmo assim, isso acaba respingando em todos. Ainda temos alguns dias de trabalho antes do recesso, e isso pode travar o andamento de comissões. Mas posso assegurar que continuarei trabalhando normalmente e exercerei o meu trabalho da melhor forma. Na Câmara, existem pessoas que estão dispostas a trabalhar e fazer o seu melhor papel para a população e não se pode generalizar."

Máteria publicada pelo site Diário de Uberlândia na data 16/12/2019.